quinta-feira, 25 de junho de 2009

A IMAGEM DA MARINHA






Muito se tem falado da imagem que a instituição militar tem ou deveria ter junto da população portuguesa, agora que se entrou numa nova fase de orgânica das FA’s, dadas as reestruturações no seu funcionamento, redefinição do dispositivo territorial, redução de pessoal, e reequipamento das FA’s, extensível aos três ramos, e principalmente com o fim do Serviço Militar Obrigatório.

No caso concreto da Marinha de Guerra, apraz-me pensar o seguinte:

Que a imagem que a população portuguesa tem da Marinha não difere muito, infelizmente da imagem que tem dos outros ramos.

Que um desinvestimento de 30 anos em termos de reequipamentos, de que as fragatas Meko-200, a intenção de compra dos NPO’s, a vinda de duas fragatas do tipo M, em meio de vida da Holanda (classe Bartolomeu Dias), e uns certos traumas pós-coloniais que custam a apagar das mentalidades colectivas da população, quase contribuíram para um certo divórcio entre os portugueses e a Instituição Militar.

Que no caso concreto da Marinha, julgo que esse divórcio, e até desprezo é potenciado pelas dificuldades que a Marinha tem tido para operar em todo o imenso mar português (o maior da União Europeia, em termos de ZEE), com poucos recursos navais, e ainda por cima já envelhecidos.

Que as 3 Meko da classe Vasco da Gama não dão para tudo, nem mesmo contando com o contributo que em boa hora veio a ser feito dada a substituição das duas fragatas João belo, em troca das mais modernas M holandesas, e das remanescentes corvetas da Armada, igualmente ultrapassadas, e daí esse desprezo e desdém já que muitos olham para a Marinha, que atracada Alfeite, e não vêem mais que uma marinha algo envelhecida.

Que nos parece a todos algo estranho que se proceda ao abate consecutivo dos poucos meios navais que temos, nomeadamente as corvetas e os patrulhas Cacine, sem que os seus substitutos naturais – os NPO’s e as Lanchas de Fisacalização Costeira não estejam ainda construídas, e muito menos incorporadas no efectivo da Armada.

O caso do único submarino na Armada já muito velho também não abona para uma boa imagem, e no entanto a população execra a compra dos dois subamarinos U-209PN que permitirão manter a arma submarina, único meios eficaz de negação do mar.

Valham os recursos humanos que tudo têm feito para superar as dificuldades em termos técnicos.

Mas acredito que com novos equipamentos, com os novos “patrulhões” oceânicos, o previsto NavPol, a incorporação nna armada de dois ovos submarinos SLK no “Estado da Arte”, essa imagem possa mudar com o tempo, e quando se instituir na mentalidade colectiva que as FA's são para voluntários.

Quanto à vida útil da classe Vasco da Gama, ou das novas Bartolomeu Dias não sei o que está previsto, mas dado que não se prevê que possam navegar muito para além de um horizonte de 15/20 anos, estará algo previsto ou em fase de negociação para uma futura marinha oceânica mais de acordo com os pergaminhos e necessidades efectivas do nosso país?

E o que está previsto em termos de projecção e sustentação de forças ou acções de carácter humanitário que só um Navio Polivalente logístico pode assegurar eficazmente?

E virão helicópteros para a Marinha, ou recorre-se aos da FAP, ou aos aguardados NH-90?

Questões orçamentais e indefinição sobre o que efectivamente se quer leva a que o prestígio da Marinha e do país se perca frente a outras plataformas de outros países aliados, tornando a nossa Marinha a imagem de um país pobre, já que nos apresentamos sempre com o mais vetusto que há para apresentar.

Ou se tem Forças armadas ou não se tem, e isso pode ser discutido.

Se se tem, há que haver orçamento para aquisições e operação dos seus meios, capacidade para acudir às necessidades, num país que tem interesses geo-estratégicos que ultrapassam as fronteiras da Aliança Atlântica e da EU.

Ou de outro modo teremos as FA’s mais caras da Europa, e tal como no passado disse um general que foi CEME, “as FA’s não podem mais viver com orçamentos que apenas dão para o rancho e para o papel higiénico”.

Como tudo isto é confuso para quem está de fora, seria um bom contributo para que essa imagem mudasse, que os assuntos fossem mais abertamente discutidos, mas que houvesse da parte da Instituição e de quem a tutela uma melhor capacidade de comunicação com a população, e principalmente com o pequeno grupo de portugueses que gostam e admiram as nossas FA's, que devem por definição ser o garante da Segurança, Soberania e Independência da Nação Portuguesa.

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